Dar as Mãos já pôs em marcha reabilitação da antiga "Casa dos Cantoneiros"
A obra deverá estar pronta por altura do 25° aniversário da fundação da instituição, a 13 de maio.
A Associação Dar as Mãos vai deixar a marca de 25 anos de missão social com a reabilitação do edifício que foi "Casa dos Cantoneiros", da extinta Junta Autónoma de Estradas, adquirido em 2011. A empreitada, que deverá custar entre os 80 e os 100 mil euros, já está a dar os primeiros passos e deverá estar pronta por altura do aniversário da instituição, a 13 de Maio.
O projecto de reabilitação da casa, onde funcionou inicialmente a cantina social, valência que se mudou para instalações novas em 2016, foi dado a conhecer em conferência de imprensa, na passada quarta-feira. Os recursos financeiros necessários para custear as obras têm numa poupança da ordem dos 60 mil euros um bom ponto de partida. Para o restante a instituição confia na "boa vontade e ajuda" de instituições e beneméritos que não lhe têm faltado.
A convicção é do presidente da direcção, Agostinho Fernandes, segundo o qual a reabilitação permitirá à instituição "concentrar serviços no mesmo local", e garantir melhores condições de atendimentos às dezenas de pessoas que diariamente a solicitam.
O dirigente aproveitou ainda para dar a conhecer os contornos do programa que irá assinalar, ao longo do ano, os 25 anos da Associação. Deste ressalta a iniciativa "A poesia invade a cidade", projecto que venceu o concurso municipal "Programar em Rede". A ideia é a de afixar poemas pela cidade, em pontos estratégicos e distintos, partindo da selecção de poetas locais, regionais, nacionais e internacionais, numa lógica de valorização e promoção da literacia.
O quarto de século da Dar as Mãos também irá incluir homenagens aos beneméritos, que na retaguarda têm sido parceiros da instituição na prossecução da sua missão social. Na outra face da moeda da solidariedade estão os voluntários que a associação igualmente quer distinguir. "Ternos que homenagear as pessoas para quem é nobre a tarefa de servir os outros, por isso é absolutamente sublime", refere Agostinho Fernandes a propósito.
Requalificação permite concentrar serviços
Segundo o arquitecto responsável pelo projecto e pela obra, Francisco Barreiro, a requalificação vem permitir que a Associação Dar as Mãos concentre na Avenida Marechal Humberto Delgado todos os seus serviços, actualmente dispersos entre as valências associadas à cantina social e uma loja no Centro Comercial Vinova.
No primeiro andar, referiu, irão ficar os serviços administrativos da instituição, e gabinetes de atendimento, garantindo assim a tal privacidade que actualmente não existe. Ao nível do rés-do-chão irá ser criada uma loja para venda dos pequenos artigos feitos na instituição, e uma zona para entrega de donativos alimentares e outros, como roupa.
Quanto à traça do edifício, Francisco Barreiro adianta que o projecto prevê a sua preservação.
Uma vez concluída a reabilitação do edifício, a loja do Vinova irá fechar.
Mais um projecto na calha
Com a reabilitação do edifício conhecido como a “Casa dos Cantoneiros” num horizonte próximo, a Associação Dar as Mãos tem já um outro projecto em mente: a criação de um depósito/oficina, que sirva não só para armazenar mobílias e outros donativos de volume, mas que possa ser também uma zona de ocupação para muitos dos beneficiários da instituição. "É preciso tratar do corpo e do espírito, porque isso é que é a pessoa", sustentou Agostinho Fernandes a propósito de um projecto que visa ocupar e tirar partido de “habilidades que podem ser colocadas ao serviço da comunidade”, empreendendo simultaneamente a favor da reabilitação da própria pessoa.
Segundo o presidente da direcção, a instituição está já a articular a disponibilização de um edifício com a Câmara Municipal. O local está encontrado, adianta, mas falta “deslindar” questões de propriedade que, uma vez ultrapassadas, permitirão a sua cedência à Dar as Mãos.
À margem dos novos desafios, a instituição prossegue com o seu trabalho de retaguarda social aos mais desfavorecido. Bacelar Ferreira, voluntário, adianta que neste momento a cantina social fornece 50 refeições por dia. Para além disso, assegura a distribuição de cerca de 60 cabazes alimentares por mês, sendo que destes apenas 42 são encaminhados do banco Alimentar.
Com um orçamento anual da ordem dos 120 mil euros, a instituição titula ainda apoios directos, para situações de emergência (no pagamento de rendas e contas essenciais à sobrevivência), cerca de dez mil euros por mês.